domingo, 13 de junho de 2010

Entrevista Com Capital Inicial

SITE: FALE SOBRE O NOVO CD.
CAPITAL INICIAL: O novo CD do Capital, eu acho que ele representa uma nova fase da gente. Existe o Capital 1, do nosso começou, o Capital 2, da nossa reunião e eu acredito que ta começando o Capital 3 agora. Eu acho que a segunda fase do Capital valeu do acústico até o esse ao vivo, na verdade 2 discos ao vivo, um no violão e um na guitarra como ele era na maior parte das vezes. Entre esses dois discos, a gente deve ter feito uns seis discos, eu acredito. E essa nova fase acho que representa um momento onde o Capital quer procurar parcerias com outras pessoas, nós procuramos um outro produtor, um outro cenógrafo, a gente procurou novos diretores pros nosso vídeos, novos fotógrafos pra fazer a capa, ou seja, todas as pessoas que nos envolvem são pessoas diferentes. Eu acredito que também o modo em que o disco foi composto foi um pouco diferente das anteriores, ele foi feito com muito mais cuidado, em todos os aspectos desde os arranjas ao produtor, ao cara que viria gravar, depois eu falo sobre ele também, as letras, cada vírgula, cada palavra foi pensada, mastigada um milhão de vezes, reconsiderada, pra ver se era a coisa mais adequada, ou seja, é um disco que na verdade a gestação desse disco durou mais de um ano, há mais de um ano a gente ta fazendo essas canções, bolando quais seriam as melhores ou não. O David Corcos, o cara que produziu o disco, também é um cara genial, é um cara que produziu relativamente pouco rock no Brasil e, no entanto é um roqueiro, ele produzia muita coisa fora do Brasil, a gente queria fugir dos padrões normais de gravação do rock aqui. O rock brasileiro é mais ou menos gravado, era agora as coisas vem melhorando aos poucos, mas de um modo muito parecido, as vozes eram mais altas o som era todo mais comprimido, e a gente queria um disco que fosse mais parecido com o som do Capital ao vivo. O David fez o D2, fez o Planet Hemp, fez o Seu Jorge e eu acho que é a primeira vez que ele faz uma banda de rock brasileira, e acho que o cara curtiu a beça e a gente também!

SITE: COMO FOI O PROCESSO DE PRODUÇÃO E GRAVAÇÃO?
CAPITAL INICIAL: O processo em si de gravação com o David foi revelador, a gente sempre ficava curioso, como que o gringos conseguem esse som de guitarra, como é que o som da bateria pra eles soa tão bem, como é que os pratos de uma bateria soam tão vivos? E a gente teve a sorte de conhecer este cara, através de amigos em comum, que justamente tinha gravado com grandes bandas fora do Brasil, mesmo que fosse como assistente de produção, como técnico ou em outros projetos ele já tinha trabalhado com por exemplo o cara que já tinha produzido o ACDC, o cara que tinha feito Franz Ferdinand, aliás ele trabalhou com o vocal do Franz Ferdinand também em projetos de bandas independentes, ou seja, ele é o cara que viu, por exemplo, o cara do ACDC, como é que ele microfona a guitarra do Angus Young, ele tinha visto dentro dos estúdios como os gringos gravavam, onde eram posicionados os microfones. E a gente ficava dentro do estúdio observando isso, e uma das coisas que mais nos chamou a atenção foi justamente a guitarra, a quantidade de amplificadores, tinham três amplificadores sendo gravados ao mesmo tempo, pra mesma música, simultaneamente três amplificadores gravados, com microfones pela sala inteira. É muito louco! A gente tava acostumado a botar um marshall, a botar um microfone no falante do marshall e gravar, e a gente viu não, esse cara pegava sons da guitarra de tudo quanto era lado, e quando você ia ouvir você falava o que é isso? Olha o som que está vindo...os pratos, a barulheira dos pratos, você usa muito mais o ambiente do que talvez propriamente o som que está diretamente direcionado a um instrumento. Os vocais, eu estava acostumado a matar os vocais todos em dois, três dias, dessa vez eu fazia uma canção por dia com muito mais cuidado, com muito menos preocupação na afinação do que na própria interpretação, o importante era que a interpretação ficasse correta, que você conseguisse passar a atmosfera que a música pedia, enfim, o jeito de gravar foi muito diferente. Outra coisa que foi diferente foram os ensaios, o que antecipou a gravação, a gente passou uma coisa que a gente não fazia, aliás, a muitos e muitos anos, a gente passou meses ensaiando, e quase todos os arranjos foram resolvidos dentro dos ensaios, algumas canções chegaram a ser compostas durante os ensaios, ou seja, era uma coisa que remete ao passado do Capital, aos anos lá de Brasília, há muito tempo não fazíamos isso. Eu acredito que isso deu uma união a banda, deu uma sensação de reaproximação de todos nós, o que por sua vez favoreceu muito a gravação que veio na seqüência, então, por isso que eu falo de Capital três, é uma nova fase. A gravação, o processo de composição, os ensaios, a realização do disco, esse processo também foi muito diferente, além de todas as outras coisas que eu mencionei, das diferenças que a gente acabou fazendo também em outras áreas. Foi o disco mais divertido que a gente gravou em muitos anos!

SITE: QUAL A RELAÇÃO DA BANDA COM A INTERNET?
CAPITAL INICIAL: A gente descobriu, nós contratamos uma companhia chamada gruda em mim que faz só isso, ela cuida da nossa vida online. Quando o Capital de reuniu em 98, uma das primeiras coisas que a gente fez foi postar uma página, mas era uma página parada, ali não tinha mais nada, onde de repente postadas as datas nós teríamos a fazer no futuro, agenda de shows. Talvez um ou outro texto era publicado, alguma troca de e-mail era feita ali naquela página, era uma coisa muito simples, mas a gente talvez por intuição ou talvez já naquele momento as pessoas já estavam percebendo o que vinha pela frente, logo no começo a gente já deu importância a internet. Porém, nesse doze anos da nossa reunião, muita coisa mudou, hoje a internet é um veículo para o qual a gente dá tanta importância quanto televisão, quanto mídia impressa, quanto rádio, embora aqui no Brasil rádio e televisão são incomparavelmente mais importantes, mas a importância da internet cresce exponencialmente, a cada ano tem mais gente com banda larga no Brasil, tem mais gente com acesso a internet. Tem uma outra coisa muito curiosa, positiva com a internet, é que você consegue uma proximidade muito maior com os fãs, você começa a conhece-los melhor, você sabe, por exemplo, qual é o gosto deles, de onde eles vem, que idade eles tem, você descobre muito mais a respeito deles, a seu respeito também, é uma coisa de mão dupla. Eu escrevo textos frequentemente lá, longos, sobre qualquer matéria, sobre música, sobre política...escrevi vários agora sobre a gravação, eu escrevi um texto agora sobre a capa do disco, por exemplo. Então existe uma interatividade muito grande, a gente tem um fã clube que é muito atuante, eles nos mandam perguntas e a gente filma as respostas, posta no ar, a gente coloca lá pra eles verem, nós recebemos fãs que são escolhidos através da internet, através do nosso fã clube, todo show a gente recebe o nosso fã clube. Então, o que eu acho que a internet promove é principalmente um universo de informação a respeito de uma banda que eles gostam, e uma troca de ideias entre nós e eles. Ma quando eu falei essa história dessa troca de informações, me veio a ideia uma outra coisa, muita gente quando começou as pessoas compraram, ou a pegar mp3, ou a comprar músicas na internet, muita gente que tinha vivido CD, ou até gente mais velha que tivesse vivido o LP, reclamou, falou: tudo bem, o cara vai comprar a música, mas não vai ter a capa, não vai ter a foto, vai ter menos informação sobre a banda, por estar comprando só a música sem nenhuma embalagem, quando na realidade é o contrário, um cara pode comprar a música online e não ter a capa, mas o que ele tem de informação sobre a banda dele é um oceano de informação, o cara consegue todas as fotos que ele quiser, consegue achar todos os textos sobre a banda, ele pode entrar no site da banda e ver mais ainda sobre a biografia, sobre a discografia da banda, ou seja, eu acredito que para os músicos, se você for botar na balança se a internet é positiva ou negativa, para nós é imensamente positiva, a gente acredita muito nisso e é só você entrar no nosso site para você dar uma olha na importância que a gente dá nisso: capitalinicial.com.br.

SITE: FALE UM POUCO SOBRE A SUA EXPECTATIVA COM O BRASIL NA COPA.
CAPITAL INICIAL: Em relação a Copa, eu confesso pra vocês que eu to preocupado, em outras Copas eu entrei confiante achando que o Brasil tinha sim grandes chances de vencer, no entanto faço um parênteses aqui, eu sempre tenho esperança que a seleção brasileira possa ganhar, eu acho que nós temos algo que os outros países não tem, uma garra, um talento natural, eu acho que você tem grandes jogadores, você tem o Kaká, você tem o Robinho, porém, eu acho que você devia ter no banco, mesmo que não esteja passando por uma boa fase, você devia ter gente como o Ronaldinho, devia ter levado o Adriano, acredito que dois caras como esses no banco...imagina Kaká se machuca, acontece alguma coisa com o Robinho, você tem que ter um monstro desses, você coloca um cara desse em campo, eu acho que o time do lado de lá já começa a tremer, e eu tenho a impressão que essa seleção, me parece que essa seleção foi montada por um back, por um cara que estava acostumado a jogar na defesa, me parece um time muito mais preparado pra retranca do que pro ataque. Eu sou um dos duzentos milhões de técnicos brasileiros, eu não sou longe de ser o dono da verdade, longe de ser o cara mais entendido de futebol do Brasil, mas eu já vi o Brasil mais entusiasmado pela Copa, o que pode ter várias explicações também. Eu acho que o Brasil ta passando por uma boa fase, ta crescendo, além de ter as Olimpíadas logo ali na esquina, também tem as eleições, então talvez o Brasil esteja distraído com outros eventos, mas eu não percebo o mesmo grau de entusiasmo que eu já senti em Copas passadas, mas mais uma vez reitero também, eu sou um brasileiro e sendo brasileiro eu sempre tenho esperança, eu rezo pra que a gente consiga ir bem nessa Copa.

SITE: FALE AS 5 MÚSICAS QUE NÃO PODEM FALTAR NO SEU IPOD.
CAPITAL INICIAL: Em relação as músicas que não podem faltar no meu iPod, primeiro deixa eu falar o que é o meu iPod, que ele é uma coisa meio peculiar. Eu uso o meu iPod como uma espécie de enciclopédia, então se a gente estiver gravando, ensaiando, por exemplo no ônibus alguém fala: E o começo do hardcore como é que era? , eu vou lá e tenho o U.K. Subs, e como é que foi o cara que deu início ao punk rock, ta lá MC 5, a como é que era os primeiros singles do Chucky Berry?, tem lá, como é que era o rock corporativo dos anos 70?, vai lá Boston, tem, como é que era o som progressivo, dos anos auge dos anos 70?, tem lá YES, grung, as bandas novas independentes de agora, tem tudo, eu uso o meu iPod como uma enciclopédia, tem lá quase 12 mil músicas e tem como eu disse um pouco de tudo! O que não pode faltar, músicas é muito difícil, eu vou dizer cinco banda que não podem faltar: Rolling Stones, Led Zeppelin, ACDC, Ramones e Soungarden que eu gosto muito, mas ai já ficou de fora Oasis qua é uma das minhas bandas favoritas, White Strites que também é uma das minhas bandas favoritas, é difícil, eu não sei falar, vocês pediram cinco e eu falei sete. Pra músico é muito difícil fazer isso, é meio sacanagem. Eu to pensando aqui, não me vem a cabeça cinco músicas, me vem a cabeça essas bandas que eu mencionei, músicas é impossível, eu não consigo, falo mais uma vez, eu tenho doze mil músicas no meu iPod, como que eu vou escolher cinco? Pra mim é impossível, eu amo música mais que tudo, eu não consigo jogar fora as outras 11 mil músicas e dizer que elas são menos importantes do que outras cinco.

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